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Um despertar

Um despertar

Roberto Liebgott
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Quando o breu inunda a alma, quando a voz fica trêmula de angústia, quando os ventos ameaçam devastar o ambiente, quando a dor parece insuportável, quando tudo no que acreditamos se dissolve, então se pode ouvir, na madrugada ainda sem luz, o canto suave do Sabiá, que acorda para o amanhecer.

Ele, o tenor solo do despertar, entoa um som lírico, como se recitasse uma poesia, chamando o João de Barro, os Canarinhos e os Pardais, convocando as Jacutingas, as Pombas Rolas, Caturritas e Saracuras para melodiarem ao sol que, em seguida, vai despontar.

E tudo recomeça, em sintonia as aves ficam alvoroçadas, as janelas se abrem, os caminhos estão a espera das caminhantes, dos romeiros e romeiras, de todas as gentes, em suas infinitas diferenças, que seguirão suas rotinas cotidianas, moldando, desenhando, construindo o mundo de hoje e do depois.

Mas, para torná-lo melhor, há que despertar e encantar, assim como faz – o solista lírico – Sabiá.

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