Cresce adesão de assinaturas da Carta-Compromisso no interior Catarinense


“A carta é uma forma de fazer luta, de poder avançar na construção da agroecologia, fazendo com que os/as candidatos/as percebam que temos um projeto para agricultura e vamos apoiar quem se compromete com isso. Essa é uma forma de divulgar quem são as pessoas que querem nos representar e qual o compromisso que assumem”. – Noemi Margarida krefta, militante do Movimento de Mulheres Camponesas
O interior de Santa Catarina está se destacando na adesão à carta da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) com demandas e propostas para combate à fome e apoio à agricultura agroecológica. O estado catarinense assumiu no último dia sete de setembro, a vice-liderança em ranking de candidaturas agroecológicas, respondendo por 13% das adesões.
Nesse contexto, o Oeste Catarinense, território que concentra diversas organizações camponesas e urbanas, sendo um berço de lutas, entre elas, na defesa da agroecologia como projeto de sociedade, têm registrado desde agosto, a afirmação contínua de candidatos e candidatas que tomam conhecimento e assinam a carta-compromisso, um documento com recomendações e demandas destes aos poderes executivo e legislativo, como forma de contribuir para o debate e construção de uma política capaz de responder a fome e à crise ambiental.
A iniciativa, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), de somar assinaturas na carta-compromisso, promove o debate público sobre a produção de alimentos saudáveis e o combate à fome, no pleito deste ano. Por isso, no Extremo-oeste Catarinense, em São Miguel do Oeste, município próximo à Argentina, o ato de apoio à carta-compromisso se concretizou, no dia 19 de agosto, no espaço da Cooperoeste Terra Viva, uma das maiores indústrias de laticínios do Extremo-oeste catarinense. Na ocasião, 13 candidatos/as assinaram o documento, conforme a militante do Movimento de Mulheres Camponesas, Noemi Margarida krefta. “Todos e todas assinaram e houve várias manifestações depois, por meio das falas, afinal, esse documento representa um projeto de sociedade que deve estar associado a um programa de governo”, disse.
Para Noemi, a carta trás pontos importantes e que direcionam para o projeto de agricultura familiar e camponesa defendido pelas organizações sociais. “É uma forma de fazer luta, de poder avançar na construção da agroecologia, fazendo com que os/as candidatos/as percebam que temos um projeto para agricultura e vamos apoiar quem se compromete com isso. Essa é uma forma de divulgar quem são as pessoas que querem nos representar e qual o compromisso que assumem”, refletiu.
A carta-compromisso é uma das ferramentas de anúncio ao projeto de sociedade que as organizações sociais do campo popular desejam construir, fazendo frente ao agronegócio que em Santa Catarina, por exemplo, articula-se para influenciar, em nível nacional, a produção de leis ou mudar as que existem da forma como lhe convém, como foi o caso das alterações no Código Florestal Brasileiro em 2012 e outras ações que colocam em risco a vida de todo povo brasileiro.
“O agronegócio é um modelo de agricultura que associa prioritariamente o latifúndio como forma de acesso a terra, discriminando os pobres e junto com isso, o capitalismo financeiro que são os bancos e o capitalismo industrial, que representa as multinacionais que produzem insumos, controlam as sementes e que são pilares que diminuem a qualidade da alimentação e transformam tudo em mercadoria para venda”, destacou Tairi Felipe Zambenedetti, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), no interior catarinense.

Segundo ele, o Brasil bate recorde de exportação de carne e a classe trabalhadora faz fila para comprar ossos. “É terrível vermos a venda de pele de frango e de ossos. Então, esse é um modelo que não produz alimento, não contribui na soberania e segurança alimentar, social e ambiental. Por isso também é importante que os/as candidatos/as assumam esse compromisso com o documento da carta-compromisso em defesa da agroecologia”.
Além da carta-compromisso, as lideranças dos partidos políticos também assinaram em São Miguel do Oeste, um documento em defesa ao Sistema Único de Saúde. “O objetivo é assegurar o direito universal a saúde pública, de qualidade e gratuita. Temos que celebrar essas assinaturas desses documentos e impulsionar”, destacou.
Oeste Catarinense comprometido com a agroecologia

Em Chapecó/SC, durante a inauguração do Comitê Lula Presidente, em 20 de agosto, foram organizadas quatro cestas de produtos agroecológicos. A entrega simbólica foi construída a partir do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que organizou uma das cestas com produtos da Reforma Agrária. Também, o Movimento de Mulheres Camponesas levou para o ato a produção feita pelas mãos das mulheres organizadas em sua produção no campo. A Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense (Apaco) entregou uma das cestas representando no ato, as diversas associações e cooperativas da agricultura familiar. Outro elemento importante desse dia foi à entrega da bandeira da Articulação Nacional de Agroecologia pelas mãos da companheira Diva Vani Deitos, que representou no ato a Rede Ecovida de Agroecologia do Estado de Santa Catarina.
Anderson Munarini, que integra a coordenação Geral da Rede Ecovida de Agroecologia, falou sobre a importância desse ato de entrega das cestas e assinatura do documento, que, segundo ele, reuniu várias organizações camponesas e urbanas. “Os/as candidatos/as já tinham conhecimento da carta e na atividade realizada consolidou-se a reafirmação do compromisso com a produção orgânica, com a agroecologia”, contou.
*Eixos temáticos da Carta-Compromisso
Apresentadas em cinco eixos estruturantes, as demandas expressas na carta-compromisso dialogam com iniciativas consolidadas ao longo dos 20 anos de existência da ANA, período em que se aprofundou a construção e fortalecimento do movimento agroecológico em todo o país.
Os eixos se organizam entre os seguintes temas: Questões agrária e urbana e direitos territoriais; Enfrentamento da fome e promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional; Ciência, educação e democratização da comunicação e da cultura; Participação democrática e controle social na construção de políticas públicas; e Promoção da igualdade de gênero e racial.
Aberta a novas adesões ao longo de todo o calendário eleitoral pelo site agroecologia.org.br, a campanha busca evidenciar também a importância da participação da sociedade civil na elaboração e execução de políticas robustas de apoio ao setor.
Sobre a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA)
A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é um espaço de articulação e convergência entre movimentos, redes e organizações da sociedade civil brasileira engajadas em experiências concretas de promoção da agroecologia, de fortalecimento da produção familiar e de construção de alternativas sustentáveis de desenvolvimento rural. Atualmente, a ANA articula 23 redes estaduais e regionais, que reúnem centenas de grupos, associações e organizações não governamentais em todo o país, além de 15 movimentos sociais de abrangência nacional. Acesse www.agroecologia.org.br
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*Com informações do site www.agroecologia.org.br.
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Jornalista, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).

Camponesa, militante da Pastoral da Juventude Rural (PJR), feminista classista, historiadora, mãe e Comunicadora Popular.