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Entrevista: Pesquisador do Contestado há 30 anos, Nilson Cesar Fraga é homenageado em Rondônia

Entrevista: Pesquisador do Contestado há 30 anos, Nilson Cesar Fraga é homenageado em Rondônia

Claudia Weinman
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O professor Nilson Cesar Fraga, pesquisador da Guerra do Contestado há quase 30 anos, atuando no Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina (UEL), recebeu no mês de março deste ano, a Medalha do Mérito Legislativo da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALERO). Além dele, foram também homenageadas/os professoras/es e pesquisadoras/es da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), em Porto Velho.

 

“Tenho oito orientandos que estudam a cultura e a civilização cabocla, sobretudo da Amazônia, dos estados do Acre, Rondônia, Pará e do Amazonas. Estar nesse espaço talvez seja fruto de um processo de estudo que elaborei sobre a Amazônia quando residi em Curitiba, no início desse século que estamos vivendo e que caminham lado a lado com as relações do Contestado. Eu precisava levar minhas pesquisas para Rondônia e ao mesmo tempo não perder a ligação que tenho com Santa Catarina e com o Paraná”, explicou ele reforçando que, ao final dos anos de 1970 e início de 1980, um número expressivo de paranaenses ocupou Rondônia, aproximadamente 200 mil pessoas.

Desde 2013, Nilson é professor no Programa de Pós-graduação em Geografia da UNIR e realiza pesquisas sobre a Amazônia, além de coordenar desde o ano de 2020, o projeto “Percival Farquhar o maior empresário do Brasil: Territórios, Redes e Conflitos na Implantação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM-RO) e na Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande (EFSPRG-PR/SC)”, que, segundo ele, é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Minhas pesquisas em Rondônia tratam, sobretudo, do imperialismo que envolve Percival Farquhar e a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré no mesmo período da construção da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande (EFSPRG-PR/SC), que gerou a guerra do Contestado, causando milhares de mortes e que em Rondônia, a construção da Madeira Mamoré também levou à morte milhares de pessoas, sendo essa, uma guerra que envolveu a relação da sociedade com a natureza naquele momento histórico, das doenças da floresta e a construção violenta do capital”, disse.

Em suas redes sociais virtuais, Nilson escreveu sobre a homenagem:

“É uma honra muito grande receber esta homenagem da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, em conjunto com colegas da Geografia da UNIR, pois se trata de homenagear o Curso de Graduação e Pós-graduação em Geografia que, desde a década de 1990, quando eu fui admitido no Curso de Geografia da UDESC, em Florianópolis, vem produzindo inexorável conhecimento geográfico sobre as terras, os territórios e os povos formadores do Guaporé. Agradeço ao Deputado Estadual Jair Montes pelo reconhecimento, pela sensibilidade e pela possibilidade de fazer-me sentir parte deste mundo rondoniense com pessoas tão queridas que me recebem e dividem suas geografias comigo, nos permitindo, em conjunto, avançar nas geografias deste Estado que possui tantos e tão fortes laços de irmandade com o Paraná, e com Santa Catarina, aonde nasci e de onde, depois, quando nos anos de 1990, me tornei migrante, tão migrante quanto milhares de pessoas que, do Sul do Brasil, fizeram suas vidas no estado de Rondônia. Meu agradecimento mais sincero ao Parlamento rondoniense, que viu em nós parte da construção dos sonhos de uma Rondônia de dignidade, de justiça e paz, e por meio de um fragmento do seu hino, nos sentimos parte de uma grande construção geográfica — a do Brasil: “Como sentinelas avançadas; Somos destemidos pioneiros; Que destas paragens do poente; Gritam com força: Somos brasileiros”.

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Em breve, Nilson apresentará, no Palavras de Classe, aqui no site A Fronte – Jornalismo das Gentes, seus textos e vídeos a partir do tema: Brasil, lugares e sertões. Enquanto isso, a gente deixa algumas imagens enviadas pelo professor Nilson sobre suas viagens para Rondônia.