Era uma saudação à bandeira? Um gesto de “boas energias”?
Por Rodrigo Sartoti.
Era uma saudação à bandeira? Um gesto de “boas energias”?
Pois bem.
O famigerado gesto “Heil Hitler” era uma saudação cívico-militar e patriota da Alemanha Nazista, que remetia ao antigo Reino da Baviera. Não foi uma invenção do nazismo, tal como a suástica e outros símbolos lá adotados.
Por isso, não se trata apenas de saber se houve ou não uma intenção nazista nesse episódio de São Miguel do Oeste – pode até ser que era só um grupo de desavisados que não tinha muita noção do que estava fazendo.
Trata-se, sobretudo, de observar que os métodos usados por esses inconformados espalhados pelo Brasil remetem, sem dúvida, ao fascismo e ao nazismo do séc. XX, ainda que sem uma intenção nazista propriamente dita.
Toda essa conjuntura é muito semelhante com a da República de Weimar do início da década de 1930: patriotismo exacerbado, xenofobia, racismo, violência, inconformismo com a democracia liberal, pedido de golpe e saudação cívica à bandeira. Sem falar do lema “Brasil acima de tudo”.
É possível que, de fato, esse episódio do Extremo-Oeste tenha sido uma infeliz coincidência. Mas, SC já tem presenciado muitos episódios nazistas nos últimos tempos, inclusive de grupos armados. SC não é um estado nazista, assim como São Miguel do Oeste não é uma cidade nazista. No entanto, se continuarmos a silenciar sobre tantas coincidências e “fatos isolados”, será difícil tirar a pecha de nazista do nosso Estado e, principalmente, impedir que os reais nazistas continuem em ação.
“Aqui jaz o antigo comandante. Seus adeptos, que agora não podem dizer o nome, cavaram-lhe o túmulo e assentaram a lápide. Existe uma profecia segundo a qual o comandante, depois de determinado número de anos, ressuscitará e chefiará seus adeptos para a reconquista da colônia. Acreditai e esperai!”. (Franz Kafka, Na Colônia Penal)