Fogo provocado em canaviais atinge aldeia no interior de São Paulo
A Terra Indígena Icatu, localizada no interior do estado de São Paulo, tem seu território queimado pôr fogo que começou em canavial vizinho.
Um incêndio devastador, que teve origem em um canavial próximo à Terra Indígena Icatu, no interior do estado de São Paulo, atingiu o território indígena na quarta-feira, dia 04 de setembro, por volta das 15h. As chamas avançaram rapidamente, destruindo quase todo o território da aldeia, incluindo uma parcela de área de mata atlântica preservada que existia na região.
Segundo as lideranças indígenas, o fogo teria sido provocado em um canavial que faz limite com a TI Icatu, se alastrando rapidamente para a terra indígena. Apesar dos esforços conjuntos dos indígenas e de agentes do município de Braúna e cidades vizinhas para controlar as chamas, a situação não foi contida a tempo. Apenas o núcleo onde se encontram as casas, a escola e o posto de saúde permaneceram relativamente intactos. Aproximadamente 20 pessoas, entre idosos e crianças, foram encaminhadas ao hospital devido à inalação de fumaça.
No decorrer da noite o fogo foi controlado, permanecendo apenas uma grande quantidade de fumaça. Porém, na manhã de ontem, 05 de setembro, lideranças informaram que o fogo voltou, ameaçando avançar para o núcleo da aldeia e áreas vizinhas.
A Terra Indígena Icatu foi homologada em 1991, pelo Decreto 314, já tendo sido reservada em 1919, pelo então Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Atualmente abrange 301 hectares, cercados por imensos canaviais. Residem na aldeia 153 pessoas, organizadas em 53 famílias dos povos Kaingang, Terena, Guarani Nhandeva, Guarani Kaiowá e Krenak. A área tem enfrentado sérios problemas relacionados à monocultura da cana-de-açúcar, com denúncias constantes sobre a diminuição da água disponível e o uso de agrotóxicos, que têm impactado negativamente a saúde, os plantios e o meio ambiente da comunidade.
A comunidade encontra-se mobilizada em controlar o fogo e ainda não têm mapeado todos os danos causados, principalmente envolvendo as áreas de manejo para matéria prima, plantios, trilhas e espaços educativos para visitação e áreas preservadas para fauna e flora que foram queimadas.
Rafael Parente Sá Martins e Lucia Gianesini/ Cimi Sul Equipe São Paulo.