Fome
Fome que grita, injustiça, que denúncia a concentração de renda e clama à partilha.
Fome que dói, faz delirar, sufoca, agride a dignidade humana, dilacera o futuro e mata.
Fome, ei-la bem diante dos olhos dos abastados, das mesas fartas, das prateleiras e geladeiras abarrotadas.
Fome onde a partilha foi desfeita por aqueles que acumulam gananciosamente.
Fome onde as cercas paralisam os direitos, concentram os bens e excluem a existência do outro.
Fome porque a desumanidade prevalece, o egoísmo dá a direção e os poderosos fartam-se em seus tronos.
Fome que deveria envergonhar, revoltar, indignar, mobilizar e mover os bem nutridos a combater os privilegiados.
Fome, até quando?
Roberto Antônio Liebgott é missionário do CIMI - Conselho Indigenista Missionário, atuando na região Sul do Brasil.