Hoje
O amanhã é hoje e, olhando adiante, percebemos que os caminhos se estreitam, que há mais pedras do que deveria, ervas daninhas, espinhos, muitos buracos e atoleiros, mas os caminheiros devem prosseguir, ultrapassar os obstáculos.
Carece, de todo modo, voltarmos os olhos, observarmos por onde já passamos, avaliar o ambiente, discernir, ter paciência e identificar as irmãs e irmãos, os aliados e aliadas, aquelas e aqueles que andarão conosco.
A jornada será ainda mais cansativa, alguns dos nossos pensam em desistir, muitos pereceram, ficaram atolados, outros preferiram atalhos que, talvez, levarão a um abismo sem fim ou a lugar algum.
Desistir agora não é opção, tampouco querer regressar. O horizonte está lá, basta andar em comunhão, carregar as boas sementes, cuidar delas para que não se contaminem, que a umidade, as chuvas, os vendavais não as apodreçam.
Pois – “haverá o dia em que todos, ao levantar as vistas, veremos nesta terra reinar a liberdade” – a canção à Mãe de Deus nos aponta a esperança, ela está dentro de nossas almas, em nossos corpos, nas nossas mãos.
O ontem, que agora é o hoje, também será amanhã, e assim a vida nos faz mulheres e homens, velhas e velhos, jovens e crianças, romeiras e romeiros da Esperança, do Bem Viver, do Amor onde há ódio, da Paz onde há guerra, da Alegria onde há tristeza, da Terra sem Mal.
Roberto Antônio Liebgott é missionário do CIMI - Conselho Indigenista Missionário, atuando na região Sul do Brasil.