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O imagético

O imagético

Roberto Liebgott
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O imagético

As imagens são formas de comunicação e, na contemporaneidade, estão entre aquelas que melhor falam e descrevem fatos, eventos, acontecimentos e provocam reflexões.

As pessoas se encantam e produzem arte com a própria face, com os corpos, vestes, adornos, pinturas, posturas, movimentos.

Viralizam sorrisos, lágrimas, expressões de dor, rancor e sentimentos de tristezas, alegrias, euforias, desalentos, amarguras e lamentos.

O imagético cria versões de si, dos outros, das coisas e bichos, acelera a difusão daquilo que poderia estar no anonimato, no segredo do quarto, da sala de reunião, do debate, da articulação, da aldeia, da mata, da beira de rio.

Hoje, como nunca, o menino, a menina, a moça o jovem, os velhos estão todos expostos a si mesmos, basta de um celular, uma rede de internet e acionar uns comandos para sair de seu lugar, da sua individualidade e navegar pelas redes das virtualidades transfronteiriças.

Os povos indígenas, suas lutas e causas também se expandem e tomam contornos nunca vistos, eles criam espaços e ferramentas com as quais transmitem suas verdades e necessidades, seus direitos e expectativas.

O imagético é, para além das imagens difundidas pelos indígenas, o que ajuda a transmitir os modos de ser, as culturas e as questões pelas quais se luta, se vive e também se morre no Brasil.

O imagético não expôs os povos indígenas, ajudou a difundir, através dos rostos e contornos corporais pintados, das bocas em gritos, as reivindicações pela defesa dos direitos e para que não se derrame nenhuma gota de sangue indígena a mais.

A causa indígena é de todos nós, essa é a convocação feita por aquelas e aqueles que se articulam em caravanas de mulheres, nos acampamentos terra livre, nas articulações entre povos originários e comunidades tradicionais de nosso Brasil.

*Dedicado ao 4º Acampamento Terra Livre da Região Sul do Brasil, realizado na Terra Toldo Chimbangue, do Povo Kaingang.

 

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