Para minha mãe escrevo todos os dias. Mas e Saudades? Jacarezinho?
09.05.2022
Para minha mãe escrevo todos os dias.
Mas e Saudades? Jacarezinho?
Eu ligo 10 vezes em 24h. Pode contar que sou eu, se o telefone dá ocupado.
Mas e Saudades? Jacarezinho?
Eu visito e tomo mate à distância. Me isolo quando sinto perigo. Mas e Saudades? Jacarezinho?
Não faço homenagem pontual, nem dou presente sem carinho. Mas e Saudades? Jacarezinho?
Eu sofro quando ela está triste. Mas que oportunidade existe em Saudades? Jacarezinho?
Ela me envia um bolinho, um docinho de maracujá.
Mas e Saudades? Jacarezinho? Como acalmar?
Não precisa foto para mostrar, a dor que a palavra sente ao ter que contar, que Saudades, Jacarezinho, não tem o que comemorar. A mãe que carrega o filho, morto nos braços, nem pode expressar.
Todo mundo nasceu de uma mãe que não merece viver Saudades e Jacarezinho.
Bolsonaro, tua milícia assassina é dor esmagadora.
Desejo que as mães consigam se levantar.
Que o único a cair, seja teu desgoverno, que insiste em matar.
*Crônica pelas mães que perdem seus filhos e filhas para a violência do Estado Brasileiro.
Claudia Weinman
Jornalista, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).