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Patriotas dele

Patriotas dele

Roberto Liebgott
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Enfeitavam-se de amarelo e verde com postura cívica e, como se escoteiros fossem, brincavam de ser soldados de um capitão de mentira.

Trafegavam com seus carrões, pelas ruas e avenidas, quase sempre em velocidade temerosa, impondo-se como os únicos amantes da pátria.

Uma pátria só deles, de ninguém mais, porque os outros tinham a cor preta, vermelha – do sangue – os infiéis, sem família, comunistas a serem combatidos.

Veneradores de um mito desmistificado pela ignorância, falta de compostura, de ética e desmoralizado pelos próprios atos, palavras e omissões.

Patriotas de um bruto sem escrúpulos, um agitador destemperado, integralmente focado em seus interesses de poder, de riqueza e perversidades.

Patriotas de um pária, um degenerado, debochava dos doentes sufocados por falta de oxigênio, que agitava e incentivava garimpeiros assassinos a invadirem e matarem os Yanomami.

Patriotas de um incendiário das florestas, um “geno e ecocida”, propagador contumaz de mentiras – mesmo diante da derrota eleitoral inconteste – incentiva os imbecis a agirem por ele, enquanto trama outra armação para se dar bem.

Patriotas que agora se desfazem, embrulharam as bandeiras, muitos as escondem, querem outra vez o anonimato de sua intolerância, machismo, racismo e homofobia.

Patriotas que retornam aos porões sujos de suas consciências, ficarão lá à espreita, aguardando uma nova oportunidade, um outro falso messias, quando então, seguros e avalizados, liberarão seus desejos abjetos, sórdidos, insanos.

Os patriotas não desaparecerão depois da eleição, estão em todas as partes, não haverá pacificação porque ela não atende seus interesses e necessidades de brutalizar, enganar, sufocar, torturar, explorar o outro que é pobre, preto, indígena, quilombola, lésbica, gay, travesti.

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