Retomada Kaingang em Santa Maria, Rio Grande do Sul


Nesse tempo, em que os direitos fundamentais estão sendo sonegados, o povo Kaingang movimenta-se em luta pela terra e pela vida, retomando uma área em Santa Maria, na região central do estado do Rio Grande do Sul.
Os Kaingang da Comunidade Vēn Ga, composta por doze famílias, tendo muitas delas vivido em acampamentos nas margens de estradas, ou em terrenos degradados, sempre de forma improvisada, sem moradia, sem terra, sem assistência dos órgãos públicos responsáveis pela saúde e educação, em geral submetidas a completa vulnerabilidade, decidiram ocupar, em movimento de retomada, um espaço de terra onde estava localizada a antiga Fepagro – autarquia extinta pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul.

A terra é Mãe para os Povos Indígenas. Eles nos dizem, através de seus anciãos, de que não é possível passar uma existência inteira sem conseguir estar com ela, a Mãe Terra, e de sentir seu calor, acolhimento e ternura. Retomar uma área é a possibilidade de voltar para casa e deitar-se no colo da mãe e com ela compartilhar sonhos, esperanças e planejar o futuro dos seus filhos e filhas.


Os Kaingang, nesses movimentos, nos ensinam que não podemos nos calar diante das injustiças; de que não podemos nos amedrontar diante das ameaças e dificuldades; e, de que lutar é necessário e urgente.
Os Kaingang, assim como os demais povos no estado do Rio Grande do Sul – Mbya Guarani, Xokleng e Charrua – reivindicam a demarcação e regularização de parcelas de terras originárias, porque, a absoluta maioria delas, não conta sequer com os procedimentos de demarcações constituídos e, aqueles que foram criados, encontram-se paralisados. Mas direito não se paralisa, direito deve ser garantido e aplicado. Os povos indígenas, diante desse contexto de negligência e omissão, dizem: Demarcação Já e Não ao Marco Temporal.
Chapecó (SC), 21 de julho de 2025.
Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul.
