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Reversão

Reversão

Roberto Liebgott
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Combaliram o planeta, tornaram-no inflamado, há feridas e chagas sempre expostas e tumores abertos.

A febre parece incessante, carregada de calafrios, calores e suores, deprimindo os organismos vivos.

Homens perversos, trancafiados em salas inacessíveis, vestindo paletós, impõem-se pela desumanização.

São repugnantes, mas legitimados nas ondas cibernéticas, criadas e movidas por dentro das redes de fibra óptica.

Adonam-se do mundo e como deuses desconexos flertam com o odor da morte e divertem-se ouvindo gritos de sofrimentos.

Taxas, sobretaxas, tarifaços, bombas de destruição, mísseis e satélites espelham o fascínio dos facínoras pelos fluxos e refluxos do capitalismo mórbido.

A terra geme, as pessoas, no vai e vem alucinado, dispersam-se a procura de um refúgio sem chagas e febres.

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Ainda não há lugar seguro, a epidemia das maldades inunda os campos com veneno, incineram as florestas e adoecem as cidades com violência e fome.

Há reversão, mas não com silêncio, medo e omissão, precisa-se de movimentos orgânicos que lutem por libertação.

Porto Alegre (RS), 10 de abril de 2025