“Vivemos um clima de completa insegurança”, diz Francisco Guenter, missionário do CIMI
“As buscas continuam, o que se verifica por parte das lideranças indígenas é de que existe um empenho muito grande por parte delas nas buscas. O Bruno sobretudo, é muito respeitado e conhecido pela sua atuação”. – Francisco Guenter Loebens, ao jornal CNN Brasil.
Francisco Guenter, representando o Regional Norte I do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), concedeu entrevista à CNN Brasil na terça-feira, 14 de junho, falando sobre as buscas ao indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, que passavam pelo Vale do Javari (AM), onde desapareceram no dia 5 de junho. Ele contextualizou sobre a região e o sentimento de insegurança que lideranças indígenas e apoiadores sentem, diante da antipolítica do governo Bolsonaro e da própria Funai.
“O Vale do Javari possui mais de 15 grupos indígenas isolados, por isso a Funai possui bases de proteção instaladas dentro dos territórios indígenas. Porém, essas bases não têm a estrutura operacional para fazer o enfrentamento. Os funcionários da Funai estão na linha de risco da ameaça de invasores pois não tem um respaldo institucional para atuar. Existe um contínuo ataque do Governo Federal aos direitos indígenas e o próprio presidente da Funai busca criminalizar lideranças indígenas e lideranças da Funai que fazem o enfrentamento às invasões. É um clima de muita insegurança, coloca em risco as comunidades, povos indígenas e aqueles que de alguma forma buscam apoiar os povos”, explicou.
Tribunal de Haia
A articulação dos povos indígenas do Brasil divulgou uma nota, onde menciona a denúncia já existente no Tribunal de Haia , informando sobre uma nova petição feita mediante desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do Jornalista Dom Phillips.
Leia na íntegra:
Povos indígenas acusam o presidente pela morosidade nas buscas de Bruno e Dom, além de crime de genocídio e crimes contra a humanidade por extermínio, perseguição e outros atos desumanos.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) enviou nesta terça-feira (14) uma nova manifestação ao Tribunal Penal Internacional (TPI), o Tribunal de Haia. O documento atualiza a denúncia em 2021, que atribui a Jair Bolsonaro a responsabilidade pela prática de crime de genocídio e de crimes contra a humanidade por extermínio, perseguição e outros atos desumanos. Dessa vez os fatos referem-se ao período de janeiro a maio de 2022, incluindo a negligência nas buscas por Bruno da Cunha Araújo Pereira e Dom Phillips, desaparecidos na Terra Indígena do Vale do Javari desde domingo (5) e a barbárie no território Yanomami.
A APIB denunciou também a transformação da FUNAI, que implementou a política anti-indígena do Presidente brasileiro, criando medidas administrativas com o objetivo de desproteger indígenas localizados em terras não homologadas, além de atos infralegais que facilitaram o acesso de terceiros às terras, bem como a completa paralisação dos processos demarcatórios. Além da contratação de funcionários abertamente contrários aos interesses dos povos indígenas.
Notícias falsas
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil também reforça que, frente as notícias falsas divulgadas de que os corpos de Dom e Bruno teriam sido encontrados, o canal oficial sobre as buscar do indigenista e do jornalista podem ser acompanhadas acessando: https://univaja.info/. Siga nas redes Univaja (@univajaoficial), Coiab (@coiaboficial), OPI (@opi.isolados) e Apib (@apiboficial). Saiba o que está acontecendo e ajude a cobrar velocidade nas buscas por Bruno e Dom.
Na segunda-feira, 13 de junho, a Apib divulgou que as buscam continuam:
Para mais notícias, acompanhe:
Jornalista, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).