Ter DIREITO à descansar
Precisamos conversar mais sobre isso, a nova proposta de emenda à Constituição que coloca o direito de nós trabalhadoras e trabalhadores a termos mais tempo de descanso durante nossa jornada semanal de trabalho, onde atualmente é de no máximo 44 horas semanais, passado então a ser 36 horas semanais se a proposta for aprovada.
Agora é apenas o início dessa discussão tão urgente e necessária, porque aqui não são somente as horas de trabalho, mas a saúde, a qualidade de vida e a dignidade dos trabalhadores.
Vimos a disseminação pelas redes sociais de várias pessoas, senadores, deputados, famosas ou não, todos dando suas opiniões, e eis aqui um ponto que precisamos prestar atenção.
Toda vez que é colocado em discussão alguma coisa em relação ao direito dos trabalhadores é um alvoroço, lembre-se que a pouco tempo quando as empregadas domésticas passaram a ser reconhecidas como cidadãs de direitos e deveriam ter carteira de trabalho e todos os benefícios como outra trabalhadora da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), essas pessoas disseram que não iriam mais ter empregadas domésticas; são as mesmas pessoas que são contra o auxílio maternidade, contra as férias ou o 13º salário; mas muitas dessas nunca trabalharam de carteira assinada, são patrões ou exercem cargos políticos que não trabalham todos os dias da semana.
E para nós? Porque devemos nos importar com isso?
Se resgatarmos na história os acontecimentos em nossa país, o direito a ter uma carteira de trabalho, foi criada pelo então presidente Getúlio Vargas em 1932 (chamada na época de Carteira Profissional), ou seja, a 92 anos; obviamente que desde então vem passando por modificações, somente em 1969 foi então criada pelo decreto lei nº 926 a Carteira de Trabalho e Previdência Social (55 anos atrás); tal decreto ainda está em vigor e trás consigo outros benefícios, como o seguro – desemprego, por exemplo.
Hoje o Brasil é o segundo país do mundo que possui mais pessoas doentes devido ao excesso de trabalho, segundo um estudo realizado pela USP (Universidade de São Paulo), ficando atrás apenas do Japão. A doença conhecida como Síndrome de Burnout foi reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2022 como uma doença ocupacional; os dados mostram que cerca de 30% dos trabalhadores estão com Burnout, ou seja, 3 de cada 10 pessoas; isso é um número gigantesco e preocupante, uma vez que significa que os trabalhadores estão esgotados e não somente doentes, não há mais saúde física, nem mental ou emocional. E a tendência é aumentar esses índices se nada for feito.
A nova PEC vem de encontro para pensarmos e agirmos para que os trabalhadores não adoeçam, ninguém trabalha doente e para isso precisamos mudar alguma coisa.
Fica provado que as reivindicações de hoje fazem toda diferença não somente no tempo presente mas também no futuro, na vida das novas gerações.
Garantido assim, tempo para convivermos com nossos filhos, tempo com dignidade, tempo para cuidarmos de nós, de nossa saúde física e mental, lembre-se que descansar é necessário, um corpo cansado é facilmente manipulado, descansar nos tempos de hoje é sim um ato revolucionário.
É TEMPO DE AVANÇAR!
Historiadora, mãe e Educadora Popular, possui Licenciatura em História pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e o Instituto Técnico de Educação e Pesquisa da Reforma Agrária (ITERRA). Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Doutoranda em Educação na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).