Retomada Kaingang Re-Sī – graminha, ou capim pequeno: sopros de vida e esperança
Ocorreu, na madrugada do dia 21 de dezembro de 2025, na semana do Natal – no tempo de celebrar a vida e esperança – mais uma retomada Kaingang no Rio Grande do Sul.
Cerca de 15 famílias do Povo Kaingang, pessoas que foram desterritorializadas pela ofensiva e ocupação colonialista – que tudo cerca, tudo consome, tudo destrói e envenena – decidiram retomar (reocupar, regressar), na Zona Sul de Porto Alegre, um pequeno espaço de terra, denominada por elas de Re-Sī que significa graminha, ou capim pequeno – um sopro de vida e esperança. A área está localizada entre os bairros Restinga, Lami e Belém Novo, onde ainda há porções de vegetação, espaço que poderão exercer as atividades próprias da cultura, dos costumes e tradições.
Os Kaingang, assim como os demais povos no Rio Grande do Sul – Charrua, Xokleng, Mbya Guarani -, tiveram seus territórios, suas histórias, suas formas de ser e viver rasgadas pela violência da invasão e ocupação desenfreada das terras originárias.
As retomadas, nesse ambiente, são, como eles mesmos afirmam, movimentos de voltar para casa, de estar com a Mãe Terra, em lugares onde os espíritos dos antepassados, onde as memórias e os sonhos chamam para reestabelecer laços sagrados entre si, com a natureza e com o futuro.
Não há futuro nas margens, não há futuro nos barrancos de beira de estradas, sob lonas improvisadas, onde não se sonha, onde não se ritualiza a vida, onde há, tão somente, sofrimentos e desesperanças.
Os Kaigang da Retomada Re-Sī , anunciam, na semana do Natal, que desejam lutar e viver dentro desse espaço de terra, mesmo que ainda pequeno, mas é para onde foram guiados, e nele desejam contar com o apoio e a solidariedade dos demais povos, das entidades, organizações sociais, políticas e todas as pessoas que acreditam num outro mundo possível, no Bem Viver.
Porto Alegre (RS), 22 de dezembro de 2025.
Cimi Sul – Equipe Porto Alegre.