Lendo agora
Aldeia Multiétnica em Guarulhos une saberes tradicionais e bioconstrução para cuidar do solo e da água

Aldeia Multiétnica em Guarulhos une saberes tradicionais e bioconstrução para cuidar do solo e da água

Cimi Sul
blank

Comunidade indígena fortalece práticas sustentáveis e avança na construção de banheiros ecológicos com apoio de parceiros

Localizada em Guarulhos, na Grande São Paulo, a Aldeia Multiétnica Filhos Desta Terra é um território de resistência e reconstrução da vida indígena em contexto urbano. Formada por famílias de diferentes povos – como Pankararu, Pankararé, Kaimbé, Tupi Guarani, Wassu Cocal, Guajajara, Gavião e Timbira –, a aldeia ocupa uma área de cerca de 500 hectares, dividida pelo Rodoanel. Do lado norte, vivem as famílias, em meio a um solo que ainda sofre com a contaminação de um antigo aterro sanitário. Já do lado sul, preserva-se uma rica área de mata nativa, com nascentes de água limpa e espécies frutíferas como palmito e fruta-do-conde.

A aldeia ocupa uma área de cerca de 500 hectares, dividida pelo Rodoanel. Foto; Cimi Sul.

Há sete anos, as lideranças indígenas iniciaram a retomada do território, que havia sido prometido pela prefeitura, mas nunca entregue de forma regularizada. Desde então, assumiram a missão de proteger e recuperar a área, observando com esperança o retorno de pássaros e animais silvestres.

Para enfrentar o desafio da contaminação do solo e da falta de saneamento básico, a aldeia está realizando um projeto especial: a construção de banheiros ecológicos por meio da bioconstrução. A iniciativa, apoiada pelo IISC (Instituto das Irmãs de Santa Cruz) e acompanhada pela equipe São Paulo do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), tem como objetivo unir saberes tradicionais indígenas e técnicas sustentáveis para cuidar da terra e das águas.

A bioconstrução é feita como forma de enfrentamento, resistência e preservação ambiental. Foto: Cimi Sul.

Nos meses de abril e junho deste ano, foram realizadas duas oficinas de bioconstrução que reuniram moradores, lideranças e assessores técnicos. Nelas, todos aprenderam juntos como construir fossas que não poluem o solo nem as nascentes, usando técnicas de camadas que filtram os resíduos sem contaminar o ambiente. O primeiro banheiro, localizado próximo a área de atividades culturais, já está em fase final e será de uso coletivo.

See Also
blank

O primeiro banheiro, localizado próximo a área de atividades culturais, já está em fase final e será de uso coletivo. Foto: Cimi Sul.

Ainda estão previstos mais dois banheiros ecológicos em espaços comunitários, reforçando o cuidado com o território e a saúde das famílias. Essas construções são mais do que uma prática: são um gesto de resistência e autonomia, que valoriza o conhecimento ancestral dos povos originários sobre a natureza.

Os banheiros são um gesto de resistência e autonomia, que valoriza o conhecimento ancestral. Foto: Cimi Sul.
Foto: Cimi Sul.

Os indígenas sempre foram guardiões das florestas, rios e biodiversidade. Na Aldeia Multiétnica, esse papel se renova com a proteção das nascentes, o plantio de árvores nativas e agora com a bioconstrução – mostrando que é possível viver em harmonia com a natureza, mesmo em meio à cidade.