Genivaldo de Jesus Santos
Abordado, constrangido, algemado, jogado ao chão, espancado, arrastado, torturado, lançado para dentro de um camburão, onde, então se consumou a barbárie, asfixiado e morto numa câmara de gás improvisada.
Isso tudo aconteceu ali, diante de centenas de pessoas que passavam, assistiam e filmavam, mas ninguém, a não ser Genivaldo, que gritava por socorro, esboçou qualquer reação contra àquela crueldade.
Genivaldo, bem que tentou a autodefesa, mas estava só diante de criminosos trajados de policiais, que agiam sob o manto protetor das corporações, as mesmas que autorizam matar os pobres e pretos.
As pernas e pés de Genivaldo se debatiam do lado de fora do camburão encoberto por uma nuvem de gás, enquanto isso, os assassinos mascarados pressionavam a porta do bagageiro para que não se abrisse.
Genivaldo acabou asfixiado diante daqueles que passivamente observavam os bandidos rodoviários, mas as imagens de sua morte foram incessantemente reproduzidas pelos telejornais e redes sociais, chegando a cada um e cada uma de nós, portanto, não há a opção de silenciarmos, diante desse crime hediondo.
Lágrimas dos familiares, sentimentos de revolta e pedidos de justiça foram divulgados e até uma manifestação de protestos acabou sendo realizada pelas ruas e rodovia de Umbaúba, Aracaju.
A reação ocorreu tarde de mais e, Genivaldo, que carregava os sobrenomes de Jesus e Santos, perdeu sua vida de forma covarde e brutal.
Os algozes estão protegidos pelo comando da Polícia Federal, que manterá seus salários e já justificou a ação criminosa, alegando que o uso da força foi proporcional e adequada.
Tal resposta aponta, em certa medida, que há orientação no sentido de que se adotem comportamentos nazifascistas nas corporações policiais, prova disso, são as imagens da abordagem e a improvisação à prática do crime, transformando a viatura policial em câmara de gás.
Roberto Antônio Liebgott é missionário do CIMI - Conselho Indigenista Missionário, atuando na região Sul do Brasil.