MP/SC encaminha caso de saudação nazista para Promotoria de Justiça da Capital
Ontem, dia 2 de novembro, feriado de finados, uma cena registrada em São Miguel do Oeste, município do interior catarinense, colocou a cidade, a região e o país em estado de alerta. Foram convocados atos em frente aos quartéis pedindo intervenção federal e acusando o sistema eleitoral de fraude nas eleições, após a derrota de Jair Messias Bolsonaro no último dia 30 de outubro, presidente que em sua manifestação no dia 1 de novembro, não reconheceu o eleito Luiz Inácio Lula da Silva como vencedor do pleito. Para além disso, um gesto gerou questionamento e repercussão em todo o Brasil, especialmente, por se assemelhar a saudação nazista, o que é considerado crime.
O Ministério Público de Santa Catarina publicou uma nota ainda ontem dizendo que investigaria o caso e assinalando a investigação por parte do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) de Santa Catarina que, em menos de 24h, constatou que não houve intenção de apologia ao nazismo.
O questionamento da comunidade que denuncia a ação se dá a partir da divulgação feita hoje pelo MP/SC, que informa ter ouvido repórteres que estavam no momento do ato e policial que acompanhava a manifestação. O MP/SC inclusive apagou a publicação original que apontava a investigação dos/as envolvidos/as. Há seis meses, em São Miguel do Oeste foi apreendida uma bandeira nazista e manual para criação de armas 3D.
O Ministério Público de Santa Catarina informou que a investigação feita até o momento é preliminar e que o relatório produzido será encaminhado para a 40ª Promotoria de Justiça da Capital.
Ontem ainda, na cidade vizinha de São Miguel do Oeste, em Descanso/SC, cartazes foram espalhados pela cidade incitando ódio contra a comunidade LGBTQIA+. A comunidade reivindica a urgente investigação do MP.
Nota do MP
A Confederação Israelita do Brasil (CONIB) publicou uma nota de repúdio às saudações nazistas e reforçou:
As imagens de manifestantes fazendo saudações nazistas em protesto em Santa Catarina são repugnantes e precisam ser investigadas e condenadas com veemência pelas autoridades e pela sociedade como um todo. O nazismo prega e pratica a morte e a destruição. A sociedade brasileira não pode tolerar posturas como essa. Fazer esse gesto vestindo camisa da seleção brasileira é também uma ofensa às nossas Forças Armadas, que lutaram bravamente contra as forças nazistas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
A repercussão do caso no Brasil:
Diversos meios de comunicação no país noticiaram o ato registrado ontem, dia 2 de novembro em São Miguel do Oeste. Entre as publicações, estão as de deputados/as, Museu do Holocausto e comunidade em geral que denunciou a ação. O Partido dos Trabalhadores de São Miguel do Oeste também publicou uma nota.
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Jornalista, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).