O Palhaço chorou
Porque sua lona rasgou, o Teto furou, seu emprego precarizou, a escravidão imperou, o Território desapareceu, o Trabalho degradou e o salário esfacelou.
O Palhaço chorou e se incorporou em mim, em você, no sem casa e sem-terra, no indígena e quilombola, na cigana, na mulher da periférica, lá onde a exclusão compromete o lazer, os sorrisos e as alegrias.
O Palhaço chorou lágrimas de dor, de clamor, que queimam, ardem, rasgam as faces, corroem os sonhos, abafam as esperanças e afogam o amor.
O palhaço chorou, porque a fome o atacou, a sociedade adoeceu, o egoísmo acelerou, a maldade enfureceu e a violência o abateu.
O Palhaço sou eu!
*Reflexões durante o Seminário Estadual da 6ª Semana Social Brasileira, realizada em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, no qual houve estudos, debates sobre a realidade da população brasileira a partir dos direitos à terra/território, teto e trabalho.