Em sua 47ª Assembleia Regional, CIMI Sul reafirma: “compromisso irrestrito pela defesa dos direitos indígenas”
A 47ª Assembleia Regional do CIMI Sul aconteceu nos dias 16, 17 e 18 de setembro, no Centro de Formação Maria Rosa, em Chapecó, no Oeste Catarinense. Diferente do ano passado, quando a atividade precisou ser realizada ainda no formato virtual em razão da pandemia da Covid-19, neste ano, a assembleia reuniu as missionárias e missionários em um encontro presencial, de mística, análise de conjuntura e planejamento das ações.
Roberto Antonio Liebgott, do Conselho Indigenista Missionário, equipe de Porto Alegre, disse que a assembleia trouxe esperança, apesar das tensões que se apresentam na conjuntura política do país.
“Foi um momento de reencontro com aqueles e aquelas com os quais compartilhamos a nossa missão, junto aos povos indígenas. São homens e mulheres de diversas regiões, missionárias e missionários, leigos/as e religiosos/as, que se articulam em torno de um serviço comum no âmbito do Conselho Indigenista Missionário, para prestar apoio e assessorias para as comunidades indígenas”.
O missionário também explicou sobre os temas trabalhados no final de semana.
“Em primeiro lugar, esse momento trouxe fortalecimento para a nossa mística missionária. No segundo momento, nós realizamos uma análise profunda da conjuntura nacional, avaliando aspectos do tempo passado, do momento atual e perspectivas do futuro, especialmente nesse ambiente que vivemos de campanha eleitoral, onde existem muitas dúvidas, angústias e incertezas, porém, renascem esperanças e é com as esperanças que a gente se fortalece e busca articular a nossa ação missionária. Depois dessas reflexões, nos dedicamos a avaliar o trabalho realizado pelas equipes nas diferentes regiões de atuação, com a partilha do trabalho junto às comunidades e ainda, realizamos o planejamento a partir das análises para pensar as ações daqui para frente”.
Lançamento do vídeo: CIMI 50 Anos e suas Marcas
O lançamento do audiovisual aconteceu no sábado, dia 17 de setembro, às 18h, e integrou a mística organizada pela coordenação regional do CIMI. O vídeo que faz o resgate histórico sobre os 50 anos do Conselho Indigenista Missionário, é uma produção do projeto A Fronte Jornalismo das Gentes junto com o CIMI, e tem como fio condutor de sua narrativa, a pintura feita pelo jovem indígena, Edson Karai Yapua , Guarani da aldeia Ara Poty, de Chapecó/SC. Os traços, cores e símbolos presentes na imagem desenhada por ele, integram a vida das missionárias e missionários ao longo de meio século de organização em defesa da causa indígena.
Além disso, essa narrativa busca contextualizar, de forma resumida, a ação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em seus 50 anos, nos quais se passou por períodos de profundos aprendizados, de lutas nos territórios e de compromisso missionário e profético, sempre engajado e perene em defesa dos povos originários.
O vídeo está disponível no canal do YouTube:
Leia na íntegra a manifestação da Assembleia do CIMI Regional Sul:
47ª Assembleia do CIMI Sul – As missionárias e missionários do Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, reuniram-se em Assembleia durante os dias 16 a 18 de setembro, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. Momento de reflexão, troca de experiências e de esperançar diante de uma realidade extremamente adversa aos povos indígenas no Brasil. Vivemos tempos de incertezas, mas também há sopros, ares de esperança. Acreditamos que no amanhã os horizontes da justiça apontarão bons caminhos. Todavia há muitos traumas, dores, lamentos, violências incessantes. Os povos indígenas estão entre aqueles que mais sofrem nestes tempos do império do ódio e destruição. Violentam seus corpos, suas casas de rezas, suas matas e terras. Não há dó, compaixão ou piedade por parte dos agressores. Invadem os territórios, destroem a natureza, contaminam as terras e as águas. Dilaceram as vidas e os modos de ser dos povos, porque estes são caracterizados como os desumanizados, aqueles que não servem ao capital, à produção e, portanto, são expostos à brutalidade do cotidiano. A antipolítica da desterritorialização serve para expropriar e aniquilar com a vida, devastam sem receios, porque tudo já foi previamente acertado com os governantes. Agem nos gabinetes de onde buscam desfazer direitos adquiridos. Para tanto, forjam teses como a do Marco Temporal da Constituição de 1988, uma aberração jurídica que visa eliminar garantias à terra, aos modos de ser de cada povo. Por fim, planejam a consolidação da barbárie com a perspectiva da integração dos indígenas à comunhão nacional. Mas os povos indígenas, os quilombolas e seus aliados seguem na resistência, com força e coragem, tornando este período de sombras passageiro, para então ver brilhar o sol límpido no amanhecer. O CIMI Sul reafirma, nestes 50 anos de existência, seu compromisso irrestrito pela defesa dos direitos indígenas, sempre se colocando ao lado da justiça, do amor e da paz.
Chapecó, SC, setembro de 2022.
Jornalista, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).