Seremos substituídos?
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma visão futurista e se tornou uma realidade tangível que está transformando diversos setores da sociedade brasileira, incluindo o mercado de trabalho.
A tecnologia não para de avançar e, por consequência, as gigantes desse ramo estão crescendo exponencialmente, aumentando cada vez mais suas vendas, lucro e valor.
A Alphabet (controladora do Google), a Apple, a Amazon, a Meta e a Microsoft ganharam juntas, em 2023, cerca de US$ 327 bilhões, um número próximo ao PIB total de países como a Colômbia e o Chile e, 25,6% maior que o faturamento no ano anterior.
Mesmo assim, esse grupo privilegiado no qual também estão incluídas empresas como a Tesla, a Nvidia e a Amazon, ao invés de contratar mais pessoas para o desenvolvimento das atividades, tem realizado demissões em massa.
Diante disso, você deve estar argumentando que essa matemática não fecha, pois mais negócios, mais atividades, mais faturamento deveriam gerar mais postos de trabalho e maior necessidade de mão de obra.
Infelizmente, essa conta fecha sim, e aé bem simples de entender.
O trabalhador está sendo substituído: pelas máquinas, pela automação e pela inteligência artificial (IA).
Economistas do grupo financeiro internacional Goldman Sachs recentemente estimaram que até 300 milhões de empregos em tempo integral em todo o mundo serão automatizados na onda da inteligência artificial. E 18% do trabalho global será informatizado.
E essa não é uma previsão futurista. A automação inteligente já está impactando setores como a manufatura e contribuindo para uma redução na contratação de posições não relacionadas à tecnologia avançada.
Mas além dos impactos na empregabilidade, essa automação ampliará a desigualdade salarial. Enquanto profissionais com habilidades em tecnologias emergentes tendem a receber salários elevados, aqueles em setores mais vulneráveis podem enfrentar reduções salariais bruscas.
Diante deste cenário, os especialistas bradam aos quatro cantos que a (re) qualificação tornou-se uma necessidade urgente e não apenas uma opção. Contudo, pouco se fala sobre uma (re) qualificação atrelada a uma postura crítico-reflexiva, emancipadora e dialógica. O foco é o mercado.
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Por outro lado, mesmo enxergando tudo que vem acontecendo e as tendências iminentes, nos comportamos como vítimas da situação e do destino, como pequenas pedras que se encontram no caminho e que podem ser facilmente retiradas.
Se somos a espécie mais inteligente do planeta qual a lógica de sermos substituídos?
Infelizmente não paramos nem para pensar sobre isso. Estamos consumidos ou nos deixando consumir por tarefas, sistemas, formulários, aplicativos e muito trabalho; e não nos permitimos refletir sobre o nosso futuro.
Mas e a educação como está se comportando diante disso tudo?
Sem dúvida essa é uma profunda, longa e urgente reflexão.
Professora no Instituto Federal Catarinense (IFC). Fez doutorado e pós-doutorado em Educação Científica e Tecnológica (UFSC). Tem se movido em problematizar as implicações sociais da tecnociência, almejando provocar parcerias e compartilhamentos entre sujeitos que se veem provocados a mudar de rota o processo civilizatório, em busca da maximização da dignidade humana.
Engenheiro mecânico e doutor em educação na área de ciências. Desenvolve seus estudos em Educação Tecnológica com ênfase no processo civilizatório contemporâneo e nas relações entre ciência, tecnologia e sociedade (CTS). Professor Titular do Departamento de Engenharia Mecânica e do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT) da UFSC. Um dos fundadores do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Tecnológica (NEPET - nepet.ufsc.br) é o seu atual coordenador
Consultora, possui Doutorado em Educação Cientifica e Tecnológica, Mestrado em Educação, Graduação em Serviço Social, Graduação em Pedagogia. Estuda as implicações sociais da Ciência e da Tecnologia, no intuito de debater sob uma perspectiva crítica, a equação civilizatória contemporânea e fomentar uma postura reflexiva, sobretudo na área da educação.