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Resistência em movimento: Indígenas Guarani participam da Feira e Festa Camponesa em Saltinho/SC

Resistência em movimento: Indígenas Guarani participam da Feira e Festa Camponesa em Saltinho/SC

Claudia Weinman
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Como aliado histórico na luta pelos direitos dos povos indígenas, o CIMI Sul foi convidado a integrar esse espaço de formação, articulação e partilha, contribuindo para fortalecer iniciativas de economia solidária e soberania alimentar. Sua participação possibilitou e garantiu a presença dos Guarani da comunidade Ara Poty, ampliando a visibilidade de suas práticas tradicionais e de suas formas de organização comunitária.

Indígenas Guarani da comunidade Ara Poty, do Oeste Catarinense, participaram, no dia 15 de novembro, em Saltinho/SC, da Feira e Festa Camponesa – Soberania Alimentar e Abastecimento Popular, organizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e pela Associação Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Camponesa (AEDAC). O evento reuniu agricultores camponeses, movimentos sociais, coletivos de agroecologia e entidades de apoio, criando um ambiente de intercâmbio cultural e de valorização dos modos de vida camponeses e indígena.

Atividade possibilitou um ambiente de intercâmbio cultural e de valorização dos modos de vida camponeses e indígena. Foto: Wesley de Sousa Padilha.

A feira contou com exposição de produtos coloniais, sementes crioulas, alimentos agroecológicos e artesanatos. Nesse contexto diverso, a presença dos Guarani do Ara Poty constituiu um importante momento de diálogo entre saberes, fortalecendo a visibilidade e o reconhecimento de suas práticas tradicionais.

Para o cacique Aniceto Gonçalves Ferreira, a participação na feira foi uma oportunidade de apresentar ao público os artesanatos da aldeia – peças produzidas majoritariamente com madeira – e, ao mesmo tempo, um momento de interação com outras culturas.

Artesanato feito de madeira pelos Guarani da comunidade Ara Poty. Foto: Wesley de Sousa Padilha.

“Vim participar da feira e agradeço o convite. É muito importante mostrar o nosso trabalho de artesanato, feito com madeira”, afirmou, destacando que cada peça carrega histórias, símbolos e ensinamentos do seu povo.

Além da exposição dos artesanatos, a presença dos Guarani também possibilitou divulgar elementos de sua economia tradicional. Na comunidade Ara Poty, o artesanato não é apenas fonte de renda, mas uma expressão cultural que sustenta a transmissão de conhecimentos ancestrais entre adultos, jovens e crianças. A venda dessas peças é central para o complemento da subsistência dos Guarani.

Foto: Wesley de Sousa Padilha.

Jacson Santana, que é membro do Conselho Indigenista Missionário – CIMI Regional Sul, também falou sobre a importância da participação dos indígenas na feira. Como aliado de luta dos povos indígenas, o Cimi Sul, segundo Jacson, foi convidado a estar nesse espaço de formação e partilha.

“Este ano conseguimos proporcionar a presença dos Guarani da Aldeia Ara Poty, os quais puderam expor e vender seus artesanatos, que é a principal fonte de renda, de subsistência da aldeia”.

Foto: Wesley de Sousa Padilha.

Jacson também destacou que, no Oeste Catarinense, o Cimi Sul desenvolve ações permanentes de apoio às famílias indígenas, não apenas no estímulo ao artesanato, mas também por meio da implantação de hortas agroecológicas e pomares comunitários. Esses projetos fortalecem a segurança alimentar e ajudam as famílias a reduzir a dependência de produtos industrializados.

Ele lembrou que, assim como os Guarani, o povo Kaingang também comercializa artesanatos na região, mantendo viva sua cultura ancestral e utilizando essa prática como importante complemento de renda.

Com a participação na Feira e Festa Camponesa, os Guarani do Ara Poty reforçam a presença indígena em espaços de luta por soberania alimentar e economia solidária, reafirmando a importância do artesanato, da agricultura tradicional e das relações comunitárias como pilares da sua resistência e modo de vida.

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