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Semana Cultural nas Terras Kaingang da Aldeia Conda e Toldo Chimbangue: Memória, Resistência e Luta pelos Direitos Indígenas

Semana Cultural nas Terras Kaingang da Aldeia Conda e Toldo Chimbangue: Memória, Resistência e Luta pelos Direitos Indígenas

Ivan Cesar Cima
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A Semana Cultural realizada nas Terras Kaingang da Aldeia Conda e Toldo Chimbangue, no oeste de Santa Catarina, é um espaço de celebração, mas também de resistência. Mais do que um evento, ela representa a luta contínua dos povos Kaingang e Guarani pela preservação de suas tradições, territórios e direitos constitucionais. Em um contexto de ameaças, como o marco temporal, essas atividades culturais ganham ainda mais importância como instrumentos de afirmação identitária e mobilização política.

Em um contexto de ameaças, como o marco temporal, essas atividades culturais ganham ainda mais importância. Foto: Jacson Santana/CIMI Sul.

Os Kaingang e os Guarani são povos originários que habitam a região sul do Brasil há milênios. No oeste catarinense, sua presença é marcada por uma história de expropriação territorial, violência e discriminação. Com a colonização, promovida pelo estado catarinense, esses povos enfrentaram um processo violento de invasões, expulsão e perca de seus territórios, culminando com o avanço exponencial do agronegócio e com a tentativa institucional de apagamento cultural.

Os Kaingang e os Guarani são povos originários que habitam a região sul do Brasil há milênios. Foto: Ivan Cesar Cima/CIMI Sul.

Apesar das adversidades, os Kaingang e Guarani mantêm uma resistência ativa, reivindicando a demarcação de suas terras e a garantia de seus direitos. A luta pela terra não é apenas uma questão de sobrevivência física, mas também cultural, pois o território é o espaço onde se reproduzem suas tradições, línguas e modos de vida.

As Semanas Culturais realizadas na Aldeia Conda no período de 14 a 18 de abril e no Toldo Chimbangue, nos dias 22 a 25 de abril, são uma estratégia fundamental para fortalecer a identidade desses povos e transmitir conhecimentos ancestrais às novas gerações. Através de danças, cantos, artesanatos, rituais e contação de histórias, os mais velhos ensinam os mais jovens sobre sua herança cultural.

No Toldo Chimbangue, as atividades acontecem nos dias 22 a 25 de abril e são uma estratégia fundamental para fortalecer a identidade desses povos. Foto: Jacson Santana/CIMI Sul.

Esses eventos também são uma forma de resistência simbólica, mostrando que, apesar da pressão da sociedade não indígena, os Kaingang e Guarani continuam vivos e orgulhosos de seus modos de ser e viver. Além disso, as semanas culturais servem como um espaço de denúncia, onde se discute a violência contra os povos indígenas, a criminalização de suas lideranças e a necessidade de políticas públicas que respeitem seus direitos.

Um dos maiores desafios atuais para os povos indígenas é a nefasta tese do marco temporal, que pretende restringir o direito à terra apenas aos territórios ocupados por indígenas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Essa tese, defendida por ruralistas e setores do agronegócio, ignora as expulsões e violências sofridas pelos indígenas ao longo da história e ameaça anular procedimentos de demarcação em andamento.

Um dos maiores desafios atuais para os povos indígenas é a nefasta tese do marco temporal, que pretende restringir o direito à terra apenas aos territórios ocupados por indígenas em 5 de outubro de 1988. Foto: Jacson Santana/CIMI Sul.

Os Kaingang e Guarani do oeste catarinense têm lutado contra essa medida, participando de mobilizações e articulações com outros povos indígenas, tanto na região quanto a nível nacional. A Semana Cultural também se torna um palco para essa luta, reforçando que a terra é um direito originário, não uma concessão do Estado.

Por fim, cabe destacar que a Semana Cultural nas Terras Kaingang da Aldeia Conda e Toldo Chimbangue é mais do que uma celebração: é um ato político de resistência. Enquanto os povos indígenas enfrentam ameaças como a do marco temporal e a invasão de seus territórios, eventos como esse reafirmam suas existências, suas culturas e a determinação de lutar por justiça.

A Semana Cultural nas Terras Kaingang da Aldeia Conda e Toldo Chimbangue é mais do que uma celebração: é um ato político de resistência. Foto: Irmã Diva.

Apoiar a causa indígena é defender a diversidade cultural, o meio ambiente e os direitos humanos. Que as vozes dos Kaingang e Guarani ecoem cada vez mais forte, para que suas terras sejam respeitadas e suas culturas, preservadas.

Foto: Irmã Diva.

Não ao marco temporal! Demarcação já!

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Chapecó (SC), 23 de abril de 2025.

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(Por Jacson Santana, Ivan Cesar Cima e Irmã Diva)