Araucária

Araucária, passadas as décadas subsiste, estéril, à margem da estrada entre cercas e plantações.

Vive na solidão, deixaram-na como sobra, resto, de um tempo de brutalidades e escuridão.

Mas permanece lá, também como memória das décadas de abundância das florestas, faunas, cores, sementes, aromas e beija-flores.

Tornou–se testemunha do bem que subsistia na diversidade de seres, dos sons, das tonalidades e múltiplas energias.

Observou, em silêncio, que os humanos – com ferramentas e máquinas – impuseram à destruição e o sofrimento.

Viu que restou, ao redor, a terra tombada, lavrada, rasgada, dilacerada pelas mãos do colonizador.

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“Se eles não nos deixam sonhar, a gente também não os deixa dormir”.

Mas a Araucária resistiu na solidão, mostrando suas dores e a nossa falta de humanidade e compaixão.

Porto Alegre, RS, 18 de outubro de 2023.

Inspirado na imagem de uma Araucária – pinheiro -, muito antigo, e solitário, nas margens de uma estrada, em Faxinalzinho – RS.