Encontro de Jovens Guarani fortalece os ensinamentos tradicionais e reflexões sobre os desafios atuais


Aldeia Kaguy Poty, Terra Indígena Ka’aguy Hovy – Iguape/SP | 12 de agosto de 2025
No dia 12 de agosto, a Aldeia Kaguy Poty, localizada na Terra Indígena Ka’aguy Hovy, município de Iguape (SP), recepcionou um encontro de jovens Guarani, organizado pelas lideranças locais com o apoio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul, por meio da equipe Vale do Ribeira, Instituto das Irmãs de Santa Cruz e da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY).
O encontro teve como objetivo fortalecer o diálogo entre as gerações e refletir sobre temas que afetam o cotidiano das comunidades, especialmente os jovens, diante das rápidas transformações trazidas pelo mundo não-indígena.
A atividade iniciou com um momento de aconselhamentos conduzido pelos mais velhos, que compartilharam suas palavras de sabedoria sobre os usos das tecnologias, os casamentos, o cuidado com o plantio e a importância de manter o nhandereko – modo de ser Guarani. Os mais velhos e mais velhas alertaram para os desafios de conviver com o mundo jurua (não-indígena) e para a necessidade de fortalecer os conhecimentos Guarani, a língua e os conhecimentos espirituais.
Entre as falas, destacou-se a importância de estar presente na casa de reza (OPY), espaço central da vida espiritual e comunitária Guarani. Homens e mulheres reforçaram que a reza e o convívio coletivo são fundamentais para manter o equilíbrio e a força da comunidade, especialmente entre os mais jovens, que lidam com muitas influências vindas das cidades e das redes sociais.
Durante a manhã, representantes do Cimi Regional Sul contribuíram com uma análise de conjuntura, abordando temas como o marco temporal, as invasões em territórios indígenas e os impactos do mundo capitalista sobre os modos de vida coletivos. Em uma das reflexões, feita pela missionária Jussara Rezende, se destacou como as políticas e interesses econômicos atuais seguem ameaçando os territórios e o modo de vida dos povos indígenas, e a necessidade de enfrentar e resistir de forma coletiva.

Os jovens Guarani também tiveram espaço para se expressar, compartilhando suas preocupações e perspectivas sobre o futuro, o uso das tecnologias e a vida na aldeia. O diálogo entre gerações foi marcado pelo respeito, escuta e troca de experiências, reafirmando o compromisso de seguir os ensinamentos do nhandereko.
O encontro encerrou com uma grande roda de conversa, onde todos, lideranças, jovens, mulheres, crianças e amigos puderam falar, ouvir e refletir juntos.

O momento foi avaliado como muito positivo pelas lideranças, que ressaltaram a importância de promover mais encontros como este, para que os jovens continuem aprendendo e valorizando os conhecimentos Guarani, mantendo viva a espiritualidade, a coletividade e o cuidado com a terra.
“É importante escutar os mais velhos e também dar voz aos jovens. Assim, seguimos juntos, sem esquecer quem somos e de onde viemos”, destacou Severino Ramires, jovem liderança Guarani.
