A maior mobilização indígena do Brasil começou: “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”
O Acampamento Terra Livre deve mobilizar 8 mil indígenas de mais de 200 povos. Nesta primeira semana, o tema:“Aldear a Política: Nós pelas que nos antecederam, nós por nós e nós pelas que virão”, deve ser o fio condutor das reflexões e debates, com objetivo de fortalecer especialmente a candidatura das mulheres indígenas para as eleições de 2022.
APIB lança bancada de mulheres indígenas para disputa eleitoral
Na manhã de ontem, dia 04 de abril, aconteceu uma coletiva de imprensa com as lideranças indígenas Sonia Guajajara, Kerexu Yxapyry e Marcos Xukuru. O tema destacado pelas lideranças neste ano é: “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”. O acampamento possui um simbolismo ainda maior em razão do Congresso Nacional e o governo federal tratarem com ofensiva a vida da diversidade indígena brasileira. Estão em pauta a votação de projetos como o PL 191/2020, que “abre as terras indígenas para exploração em grande escala, como mineração, hidrelétricas e outros planos de infraestrutura”.
Em sua fala, a liderança Sonia Guajajara explicou sobre o simbolismo de “aldear a política”. “Vamos aldear a política sim. Se é nesses espaços que estão decidindo nossas vidas, é ali que temos que estar. Esse é um ano histórico onde a APIB está lançando uma bancada indígena para entrar na disputa eleitoral. Vamos estar com uma bancada de mulheres indígenas”, adiantou.
A liderança Guarani Kerexu Yxapyry, que foi a primeira indígena vacinada contra Covid-19 em Santa Catarina, também falou sobre a resistência dos povos indígenas na pandemia, que, pelas ofensivas do governo Bolsonaro e da bancada do agronegócio, foi um dos cenários de maior violência cometida contra os indígenas no Brasil.
“Nesses dois anos de pandemia tivemos a maior violência na história, depois da constituição de 1988. Durante a pandemia enquanto os nossos povos estavam morrendo dentro dos territórios por falta de políticas públicas comprometidas do governo, já garantidas nas conquistas que tivemos na saúde indígena, vários projetos de leis foram levantados nesse período reforçando as mortes dos povos indígenas. Hoje esse acampamento traz essa liberdade de estar aqui. A pandemia é um momento de muito mais resistência”.
“Sete organizações regionais protagonizam o maior encontro dos povos indígenas do Brasil e representam a diversidade dos biomas e culturas deste país tão vasto. A @apoinme_brasil , é a articulação dos povos e organizações indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. A @coiabamazonia organiza os povos na nosso Amazônia Brasileira. A @arpinsulindigenas traz a grandeza da resistência dos povos sulistas. O @cons.terena congrega os caciques, lideranças de retomadas, rezadores, mulheres e a juventude indígena Terena em torno da luta pelo seu território no estado do Mato Grosso do Sul. A @atyguasu é a assembleia dos povos Kaiowá e Guarani. A @yvyrupa.cgy é a organização indígena que congrega coletivos do povo Guarani das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Por fim, a @arpin_sudeste articula os povos indígenas da região sudeste”.
Jornalista, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).