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Lágrimas

Lágrimas

Roberto Liebgott
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Elas escorrem entre os rostos tomados pelas dores, tristezas, angústias, saudades e dissabores.

Lágrimas dos corpos marcados de injustiças, aquelas que rasgam o amanhã e impedem os sonhos.

Lágrimas das tristezas geradas diante de tantas perdas – dos amores, dos amigos e amigas – e dos direitos que se esvaziam.

Lágrimas das angústias, ao perceber a natureza arder sob as chamas dos incineradores “ecocidas”.

Lágrimas em meio às guerras acionadas pelos facínoras, mercadores da morte inocente – genocidas.

Lágrimas das saudades dos tempos perdidos, dos desejos e anseios matados pela exclusão.

Lágrimas dos dissabores ao observar os rios sedentos, porque falta-lhes água, ou afogados nas enchentes – carregadas de entulhos de uma humanidade desumanizante.

Lágrimas das almas machucadas em ambientes de racismo, intolerância e preconceitos.

Lágrimas das mães e pais ao embalarem seus filhos com fome – eles sabem que perderam tudo, inclusive as esperanças.

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Há, ainda, as tantas lágrimas provocadas pela indignação silenciosa, guardada na mais profunda resiliência.

Lágrimas dos povos indígenas, das comunidades quilombolas desterritorializados, que têm seus modos de viver dilacerados.

Lágrimas oriundas da violência do marco temporal – lei 14.701/2023 – e das negociatas que privilegiam os assassinos dos povos indígenas, ao invés de garantir os direitos fundamentais destes povos.

Porto Alegre (RS), 01 de outubro de 2024.