Nota do Cimi Regional Sul em repúdio ao ataque à retomada Kaingang do Bormann, em Chapecó (SC)


O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul, vem por meio desta manifestar apoio à luta do povo Kaingang pela demarcação da terra do Bormann e, ao mesmo tempo, externar preocupação em relação às violências que esse povo sofre no Oeste de Santa Catarina.
Os Kaingang retomaram uma pequena parcela de seu território originário, próximo ao Distrito de Marechal Bormann, Linha São Francisco, interior do município de Chapecó (SC), em abril deste ano. Conforme relatos das lideranças, a área em questão é uma unidade de conservação federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com cerca de 350 hectares, que por longo período veio sendo utilizado, de forma ilegal, por caçadores que faziam a caça de animais silvestres de forma indiscriminada. Há relatos de que o ICMBio interveio, proibindo tal prática, mas, ao que parece, não foi suficiente para coibir tal ação criminosa.
Os Kaingang reivindicam a demarcação do local há muitas décadas e o Cimi Regional Sul é testemunha dessa demanda histórica, por isso os apoia nessa luta pela garantia desse direito fundamental.
Na noite da última terça-feira (6), conforme relatos das lideranças e boletim de ocorrência, aconteceu um ataque com disparos de arma de fogo (tiros) na direção da retomada Kaingang do Bormann, em Chapecó (SC). Os Kaingang entregaram à Polícia Federal mais de 30 cápsulas de deflagradas de fuzil.
Diante desse fato grave, é necessário e urgente que, de imediato, as forças de segurança do governo federal façam o monitoramento da área para evitar novos ataques ocorram. Também para que se sejam adotadas as devidas providências para a realização de investigação, identificar os responsáveis pelos disparos e a proteção da comunidade indígenas. Direito que lhes é assegurado pelam Constituição Federal de 1988.
Ainda, se faz necessário que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Polo Base de Chapecó, realize o atendimento de saúde e promova o abastecimento de água potável para as famílias Kaingang.
Por fim, os Kaingang requerem que Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) constitua, com agilidade, o Grupo de Trabalho (GT) para a realização dos estudos circunstanciados de identificação e demarcação da terra, já que essa reivindicação é histórica.
O Cimi Regional Sul reforça a necessidade de respeito aos direitos constitucionais dos povos originários e repudia qualquer forma de violência contra suas lutas legítimas.
Chapecó (SC), 09 de maio de 2025
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul.
