Romaria da Terra reúne povos tradicionais em Eldorado (SP) com apelo pelo cuidado da Casa Comum


Por Jussara Rezende/Cimi Sul.
Eldorado (SP) – 23 de agosto de 2025 – A 7ª Romaria da Terra, das Águas e da Ecologia Integral reuniu cerca de 2 mil pessoas no Quilombo São Pedro, em Eldorado (SP). O evento foi organizado pela Comissão Justiça e Paz, pela Diocese de Registro e pelas comunidades quilombolas locais, e contou com a participação de povos e comunidades tradicionais Guarani, Quilombola, Caiçara, pescadores artesanais, pequenos agricultores e paroquianos da região, além de delegações de outras dioceses paulistas.

A Romaria teve início com a acolhida dos participantes em um café coletivo, seguido de uma caminhada de cerca de 1,5 km em espírito de oração, cânticos e depoimentos que animaram a multidão.
Homenagem ao professor Guarani João Carlos Silveira – Durante a concentração, foi comunicado o falecimento do professor guarani João Carlos Silveira, do Tekoa Pindoty, em Pariquera-Açu, ocorrido em 21 de agosto. Em razão do luto, cerca de 150 Guarani não puderam comparecer. A etnia foi representada por uma delegação e pelo coral do Tekoa Takuari, de Eldorado.
Missa e mensagem de compromisso – A celebração eucarística foi presidida pelo bispo de Registro, Dom Manoel, e concelebrada por padres da Diocese, além de Dom Eduardo Malaspina, bispo de Itapeva (SP).
Na homilia, Dom Eduardo destacou a responsabilidade coletiva no cuidado com a Criação, a partir de três dimensões espirituais: contemplar, reconhecer e cuidar.
Contemplar: olhar profundo que revela a beleza da natureza como manifestação do Criador, em contraste com a lógica consumista que reduz a vida a mercadoria.
Reconhecer: ver Cristo na criação e compreender que a destruição da natureza é também pecado e injustiça social.
Cuidar: assumir a responsabilidade de proteger a Casa Comum, inspirando-se na prática histórica dos povos tradicionais que preservam a terra e as águas.

Cultura, luto e esperança
Após a missa, os romeiros foram recebidos com um almoço preparado pelos quilombolas, que, além do sabor, expressou a generosidade da comunidade anfitriã.

A tarde foi marcada por apresentações culturais do coral Guarani do Tekoa Takuari e dos Quilombolas do São Pedro. Em sua fala, a professora Guarani Fabiana emocionou o público ao refletir sobre o luto pela morte de João Carlos:

“Quando alguém se vai, leva consigo uma infinidade de saberes e conhecimentos adquiridos durante a vida, que poderiam ser transmitidos. Isso é muito triste, pois sentimos a perda de toda uma memória coletiva.”
Cuidar da Casa Comum
Por fim, vale destacar que o encontro reforçou a mensagem de que “tudo está interligado” e que a preservação da vida exige compromisso coletivo com a Casa Comum.
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