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Vereadora Maria Tereza recebe Prêmio Humaniza Santa Catarina

Vereadora Maria Tereza recebe Prêmio Humaniza Santa Catarina

Claudia Weinman
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 “A gente precisa de alegria, de paz, de uma Santa Catarina que retrate verdadeiramente o desejo de nós catarinenses lutadores e lutadora”, disse.

Humanizar, tornar humano, como a cena da criança que deita no colo da mãe e recebe acolhida, carinhos. Talvez o Primeiro Prêmio Humaniza Santa Catarina tenha o rosto de mulheres que carregam no seu coração a solidariedade. Quem sabe seja o espelho de um pai, trabalhador, que também acredita na esperança, ou, ainda, se pareça com as avós, que costuram amor com suas mãos, aprendizes de outros tempos.

O fato é que Humaniza tornou-se referência no país por meio de uma conversa, um café em que Ideli Salvatti – ex- Ministra dos Direitos Humanos e Prudente José Silveira de Mello – membro da Comissão de Anistia, sentaram-se após os ataques a Vereadora Maria Tereza Zanella Capra e após o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil para esperançar, trazer proteção para as pessoas trabalhadoras, militantes de diversas organizações sociais e populares, de partidos políticos de esquerda, perseguidos/as por sua cor de pele, orientação sexual, postura política. O prêmio, ao qual trata essa matéria, contemplou ativistas, personalidades de diversas frentes de luta que foram eleitos/as pela opinião pública.

Maria Tereza Capra foi uma das escolhidas e selecionadas para receber a homenagem que foi entregue pela diretoria do Humaniza SC no evento de premiação, na noite de 26 de março de 2024,  no Plenário Paulo Stuart Wright (Plenarinho) da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Palácio Barriga Verde, no centro de Florianópolis.

Foram entregues os prêmios aos três vencedores presentes, e transmitido o vídeo dos vencedores que não puderam comparecer. Na ocasião, também aconteceu um ato pelos 60 anos do golpe militar de 1964, onde foi exibido um documentário para que as novas gerações nunca esqueçam de um dos períodos mais obscuros do nosso país.

Para Maria Tereza, que recebeu o prêmio das mãos do advogado e membro do Humaniza SC, Prudente José Silveira de Mello, a homenagem é simbolismo de resistência e da necessidade de mulheres e homens de Santa Catarina seguirem em luta por justiça e dignidade, liberdade e direito de viver.

“Sou uma advogada que luta, muito, desde sempre. Nos meus tempos de professora contribui com os/as estudantes cujos sonhos foram deturpados na faculdade de Direito, pois sabemos que alguns cursos e pessoas envolvidas, disseminam a ideia de que o direito serve aos poderosos, mas o direito está à serviço dos desvalidos, daqueles e daquelas que precisam, como eu mesma precisei dos grandiosos e competentes advogados”, defendeu.

Maria fez um agradecimento aos advogados/as que atuaram em sua defesa quando teve seu mandato cassado em fevereiro de 2023 na Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste/SC, e lembrou ainda, da decisão histórica da 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina que suspendeu no dia 16 de novembro de 2023 o ato da Câmara Municipal, reestabelecendo seu mandato.

“É necessário agradecer os/as advogados/as que incansavelmente lutaram junto comigo por justiça. Também, a todas as pessoas que se engajaram nessa luta em defesa de nós mulheres, que somos agredidas, violentadas dentro dos nossos mandatos, nos espaços de poder que nós conquistamos com o voto das pessoas. Vale dizer que essa é uma luta da classe trabalhadora, de negros/as, LGBT, das pessoas que precisam do estado de direito”.

A vereadora também fez um alerta a situação que considera grave e que o país enfrenta. “Se alguém tem dúvidas de que Santa Catarina é o repositório maior de células neonazistas eu estou aqui para reafirmar. Por isso, as pessoas que tem coragem de falar sobre isso precisam ser defendidas e as autoridades precisam buscar a responsabilidade de quem está usando a nossa história para perseguir nossos/as irmãos/as, em uma luta ainda baseada em discriminação pela sua cor, classe social, orientação sexual, posição política ideológica”, alertou

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Violência contra as mulheres

A violência política e de gênero a qual Maria Tereza vive ainda no cotidiano de seu trabalho, também é a realidade de outras lideranças políticas mulheres. Maria citou o exemplo da Vereadora Carla Ayres, Vereadora Marlina Oliveira, Vereadora Ana Lucia Martins, Vereadora Eliana Simionato e Vereadora Giovanna Mondardo.

Citando ainda o caso da presidenta Dilma Rousseff, Maria destacou:

“Vivemos no século XXI e já não cabe mais o que nós presenciamos em nosso país em 2016, quando tiraram do poder a primeira mulher democraticamente eleita presidenta da república. Ainda sofremos isso, com o aval inclusive e, especialmente, do ‘despresidente’ que legitimou a violência contra as mulheres, prejudicando a ascensão destas que defendem a democracia nos espaços do poder”.

Para finalizar, a vereadora completou falando do compromisso que ela e todas as pessoas trabalhadoras de Santa Catarina possuem, que é garantir o fim do neofascismo e do neonazismo, ressaltando que os/as responsáveis por essas práticas violentas precisam responder criminalmente por seus atos. “A gente precisa de alegria, de paz, de uma Santa Catarina que retrate verdadeiramente o desejo de nós catarinenses lutadores e lutadoras”, finalizou.