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Brasil e Uruguai: A Fronte do 8 de março das lutadoras de Sant’Ana do Livramento e Rivera

Brasil e Uruguai: A Fronte do 8 de março das lutadoras de Sant’Ana do Livramento e Rivera

Claudia Baumgardt
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No dia internacional de luta do 8 de Março, foram diversas as formas de expressão da resistência e da rebeldia das mulheres do mundo. Ocupar as ruas, lar ancestral das reinvindicações é a materialização da organização das mulheres, mas, também, neste 8 de março, ter a rua como espaço de reencontro, de abraço distante, de rebeldias juntadas, de corações inquietos, espaço de afrontar as ordens opressoras, que violentam todos dias as mulheres e seus filhos e filhas, foi o guia das mobilizações.

Pela vida das mulheres, na terça-feira as ruas, praças, avenidas se fizeram lar para todas as histórias vividas, fizeram-se fortaleza para os sonhos coletivos e especialmente, trincheiras para a resistência contra este sistema capitalista patriarcal e machista que mata todos os dias.

Nas terras fronteiriças de Sant’Ana do Livramento/Brasil e Rivera/Uruguai, que historicamente as atividades do 8 de março são realizadas coletivamente, o dia foi cheio de programações, iniciando com a concentração das mulheres brasileiras às 10h na praça internacional seguindo em marcha, com intervenções e entrega de pauta.

Sant’Ana do Livramento. Foto: Claudia Baumgardt
Sant’Ana do Livramento. Foto: Claudia Baumgardt
Sant’Ana do Livramento. Foto: Claudia Baumgardt

Jocerlei de Fatima dos Santos, companheira militante do MST destaca a importância do dia 8 de março, denunciado que as “mulheres  seguem sendo queimadas, talvez não com fogo, mas sim por falta de direitos públicos das mulheres e por hoje muitas mulheres não terem o que comer”. Aponta ainda que a aliança entre as mulheres do campo e da cidade, e com as uruguaias mostra que nossa luta é sem fronteiras, as alianças entre as mulheres brasileiras e uruguaias só se fortalece, pois diante de um sistema patriarcal e machistas infelizmente as violências contra as mulheres são as mesmas em todos os território.

Flavia Retamar, da Marcha Mundial das Mulheres aponta a importância desses mais de 20 anos que as mulheres de Santana do Livramento ocupam a rua e espaços públicos pra denunciar as opressões estruturais do sistema patriarcal capitalista. E convoca a todas as trabalhadoras para a luta por um Brasil e uma América latina, sem machismo, sem racismo, sem violência, sem fome, e sem LGBTFobia.

A caminhada e os atos de intervenção durante o dia 8 de março, realizados pelas mulheres em Sant’Ana do Livramento, foi pautado pelas seguintes reinvindicações específicas:

CRM – Centro de Referência da Mulher  Professora Deise Charopen

1) Centro de Referência da Mulher Professora Deise Charopen com uma equipe completa;

2) Busca ativa as mulheres que estão com as medidas protetivas;

3) n.o de WhatsApp para as Mulheres buscarem informações, orientações caso precisem de ajuda.

4) Curso de formação e programa para as mulheres serem inseridas ao mercado de trabalho, especialmente as em situação de violência de gênero.

5) campanha de Enfrentamento ao feminicídios

 Educação

1) aumento na oferta de vagas para a educação infantil;

2) transporte para estudantes, professores e funcionários de escola área rural;

3) Ativar o PEATI

4) Merenda escolar

Sant’Ana do Livramento. Foto: Claudia Baumgardt

DAE

1) Perfuração de poços e rede de água comunidade dos assentamentos ;

2)Construção de bebedouros para os animais

 Assistência social

Vista dos CRAS à comunidade Quilombola Ibicui da Armada

 Obras

1) Conserto das Estradas rurais dos Assentamentos e da Comunidade Quilombola Ibicui da Armada;

2)Conserto da pontes nos assentamentos

 O que queremos do Governo do Estado

1) transporte escolar para os estudantes e professores da área rural

Sant’Ana do Livramento. Foto: Claudia Baumgardt

A marcha foi marcada por intervenções e ocupação de espaços públicos, com entrega da pauta e reinvindicações na prefeitura municipal, onde as mulheres foram recebidas pelo Vice prefeito e secretária de Gabinete.

Seguindo para a 19º coordenadoria, onde realizou-se uma intervenção referente a ausência transporte escolar, e das condições estruturais envolvendo estrada e estrutura de escola, que as crianças do campo são submetidas, bem como o deslocamento das mesmas para cursas o ensino médio na cidade, deslocamento que o estado não tem garantido.

Adriana de Leon dos Santos, coordenadora do 23º núcleo do CEPRS, destaca a negação do transporte escolar para as crianças do campo, lembra ainda que toda a estrutura de acesso as escolas do campo passa por um esquecimento histórico das estruturas do estado e município. Por vezes os professores têm que colocar as estruturas próprias para se deslocar, diante de distâncias que ultrapassam 50km, lembra que a educação entra em pauta nesta data pois a “Educação é um direito, para nossos filhos, para as mulheres do campo e da cidade”.

Ainda foram realizadas manifestações no Forum, onde foram negadas as mulheres a possibilidade de ficar no espaço interno do estabelecimento público, onde estava sombreado, mesmo submetidas ao sol escaldante, realizou-se manifestação como destacou a Professora Cassiane da Costa, cobrando “agilidade nos processos e denuncias dos abusos sexuais contra as meninas na Fronteira”

Em Rivera-Uruguai, ocorreram duas atividades paralelas as mulheres ocuparam a praça Artigas, seguindo em Marcha até a praça Internacional, organizada pelo coletivo Intersocial Feminista, e a Feira organizada pelo Grupo de Economia Solidaria Feminista na praça Flores.

Rivera-Uruguai. Foto: Carla Peres
Rivera-Uruguai. Foto: Carla Peres
Rivera-Uruguai. Foto: Carla Peres