Mataram
Heba Abu Nada, poetisa, militante, feminista, lutadora pelos direitos humanos e libertação do seu povo Palestino.
O oxigênio não é para os mortos, escreveu ela, pois prezava e desejava a vida, uma vida plena para todos em suas diferenças e diversidades, mas a mataram.
O genocida não cansa, seu ofício é o ódio, dissemina-lo torna-se prazeroso – matar lhe satisfaz – já que se alimenta da dor e do sangue inocente.
O genocida é machista, homofóbico, racista, misógino, xenofóbico porque ambiciona o fim da outra, do outro, nada lhe importa a não ser a morte.
Heba escreveu sob ataque de Israel: “Se morrermos, saibam que estamos satisfeitos e firmes, e digam ao mundo, em nosso nome, que somos pessoas justas/do lado da verdade”.
Seu último poema feito momentos antes de ser assassinada, em meio ao genocídio promovido pelo Estado de Israel:
“A noite na cidade é escura, exceto pelo brilho dos mísseis; silenciosa, exceto pelo som do bombardeio; aterrorizante, exceto pela promessa tranquilizadora da oração; abafada, exceto pela luz dos mártires”.
Heba tornou-se luz, força infinda, eternizada através de sua poesia que agora ecoa – mesmo em meio aos bombardeios – denunciando o tirano genocida.
Heba, não calaram a sua voz, agora até as pedras falarão; não fecharam todos os caminhos, mil trilhas se abrirão.
Porto Alegre, 23 de outubro de 2023.
Roberto Antônio Liebgott é missionário do CIMI - Conselho Indigenista Missionário, atuando na região Sul do Brasil.